Drama editora: fevereiro 2022

Gênero literário, gênero textual e tipo textual

Nas últimas postagens definimos o que é Literatura e quais as suas 5 funções. Agora abordaremos os gêneros literários, gêneros textuais e tipos textuais. É bem importante não confundir esses três termos. Por isso, vamos esclarecer cada um deles.

Gênero literário – classificado de acordo com a sua forma, podendo ser dos gêneros épico ou narrativo, lírico e dramático. O conceito abrange apenas os textos literários.

Gênero textual – abrange todos os tipos de texto, menos os literários.

Tipo textual – é a forma como um texto se apresenta. Pode ser classificado como narrativo, descritivo, dissertativo, injuntivo, explicativo e preditivo. Todas essas classificações podem estar presente tanto nos gêneros literários quanto textuais.

Texto – é toda e qualquer sentença e/ou expressão que constitua comunicação. Portanto, ele não tem necessidade de estar escrito. Quando eu falo para alguém gostei muito do doce que você comprou, isso é um texto, mesmo que não esteja escrito.

Gêneros literários – tudo começou com Aristóteles

Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) foi um dos principais filósofos gregos. Escreveu uma série de obras sobre filosofia, política, ética, metafísica e lógica. Sistematizou os conhecimentos que influenciam toda a cultura ocidental, criou conceitos inéditos e abriu uma nova escola filosófica. Sua obra é tão importante que foi usada nos séculos seguintes (e até hoje) para elaborar a argumentação, o estudo da linguagem e a escrita filosófica.

Foi Aristóteles quem propôs a classificação dos gêneros literários na antiguidade clássica, em sua obra Poética. Os gêneros literários foram definidos por ele como: épico, lírico e dramático.

Gênero épico ou narrativo – significava a “palavra narrada”, pois retratava os acontecimentos grandiosos de um herói em poemas extensos chamados de epopeias.

Gênero lírico – representava a “palavra cantada”, pois, antigamente, os textos literários eram recitados e acompanhados por instrumentos musicais, em especial a lira.

Gênero dramático – simbolizava a “palavra representada” e reunia textos escritos para uma peça teatral.

Gêneros textuais

São textos que cumprem uma função social em uma dada situação comunicativa. Diferente dos tipos textuais, os gêneros textuais não têm uma estrutura limitada e definida. Além disso, eles podem sofrer algumas modificações ao longo do tempo, devido às mudanças de comunicação na sociedade.

Os mais comuns são: artigo, resumo, receita culinária, carta, propaganda, novela, dicionário, resenha, poema e e-mail.

Tipos ou tipologias textuais

São sequências de palavras e frases que formam os textos que usamos no nosso dia a dia. Eles estabelecem a estrutura dos textos, seu objetivo e finalidade. Ou seja, são responsáveis pela forma como um texto se apresenta. São eles: narrativo, descritivo, dissertativo, injuntivo, explicativo e preditivo.

Diferença entre gênero e tipo textual

Tipos textuais são sequências de palavras e frases que compõem os textos que lemos todos os dias. Assim, pode-se dizer que os gêneros textuais são formados por tipos textuais.

Um exemplo de tipo textual é a descrição. Quando, por exemplo, vamos redigir uma crônica (gênero textual), usamos a descrição (tipo textual) para mostrar ao nosso leitor como são os objetos, as personagens e os espaços de uma determinada cena.

Um gênero textual costuma conter em si diversos tipos textuais, embora um determinado tipo geralmente prevaleça dentro de um gênero. Por exemplo: o ensaio é um gênero textual onde prevalece o tipo dissertativo, mas pode haver trechos explicativos e até narrativos.

Classificação dos gêneros textuais de acordo com os tipos textuais

Cada texto possuiu uma linguagem e estrutura. Note que existem inúmeros gêneros textuais dentro das categorias tipológicas de texto. Em outras palavras, gêneros textuais são estruturas textuais peculiares que surgem dos tipos de textos.

Tipos textuais

Narrativo – apresenta ações de personagens no tempo e no espaço. A estrutura da narração é dividida em: apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho.

Exemplos: romance, crônica, conto, lenda, biografia, novela, etc.

Descritivo – relata e expõe determinada pessoa, objeto, lugar, acontecimento. São textos repletos de adjetivos, os quais descrevem ou apresentam imagens a partir das percepções sensoriais do locutor (emissor).

Exemplos – diário, relatos (viagens, históricos, etc.), biografia e autobiografia, notícia, currículo, lista de compras, cardápio, anúncios de classificados, texto dissertativo-argumentativo.

Dissertativo – expõe um tema ou assunto por meio de argumentações. É marcado pela defesa de um ponto de vista, ao mesmo tempo que tenta persuadir o leitor. Sua estrutura textual é dividida em três partes: tese (apresentação), antítese (desenvolvimento), nova tese (conclusão).

Exemplos: editorial jornalístico, carta de opinião, resenha, artigo, ensaio, monografia, dissertação de mestrado e tese de doutorado.

Injuntivo – também chamado de texto instrucional, é aquele que indica uma ordem, de modo que o locutor (emissor) objetiva orientar e persuadir o interlocutor (receptor). Por isso, apresentam, na maioria dos casos, verbos no imperativo.

Exemplos: propaganda, receita culinária, bula de remédio, manual de instruções, regulamento, textos prescritivos, anedota, blog, reportagem, charge, carta, e-mail, declaração, memorando, bilhete, relatório, requerimento, ata, cartaz, cartum, procuração, atestado, circular e contrato.

Expositivo/explicativo – expõe determinada ideia, por meio de recursos como: definição, conceituação, informação, descrição e comparação.

Exemplos: seminários, palestras, conferências, entrevistas, trabalhos acadêmicos, enciclopédia e verbetes de dicionários.

Preditivo – apresenta seus verbos no futuro do presente e, por vezes, no presente do indicativo. É comum o uso de expressões com valor de futuro, além da existência de interlocução.

Exemplos: previsão do tempo, horóscopo, profecias e mesmo alguns provérbios.

Tipos de Gêneros Textuais

Poema – texto geralmente organizado em versos e caracterizado pelo uso de figuras de linguagem, como a metáfora, a assonância e a aliteração. A Rosa do Povo, de Carlos Drummond de Andrade, e Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, são exemplos de livros de poemas.

Ensaio – gênero reflexivo, em que o autor discorre sobre um determinado assunto de maneira livre, não sistematizada e original. Exemplo: o livro Ensaios, de Michel de Montaigne.

Biografia – texto narrativo que, baseado em documentação diversa, busca reconstituir a história de vida de uma pessoa. Exemplo: a biografia Getúlio, do jornalista Lira Neto, que conta a história do estadista brasileiro Getúlio Vargas.

Diário – gênero de caráter pessoal, usado para registrar periodicamente suas experiências, vivências, reflexões, pensamentos etc. Exemplos: O Diário de Anne Frank e Quarto de despejo de Carolina Maria de Jesus.

Notícia – gênero jornalístico cuja função é comunicar algum fato socialmente relevante, como um acontecimento político ou evento cultural. O jornal, seja ele impresso ou eletrônico, está repleto de notícias, que se caracterizam pela isenção e pela objetividade.

Artigo de opinião – texto de caráter argumentativo, geralmente publicado em jornais e revistas. Ele se caracteriza pela exposição da opinião de quem escreve (o articulista) sobre os mais diversos temas da atualidade.

Resenha – comentário sobre determinado objeto cultural, seja ele um filme ou um livro. Além de apresentar esse objeto cultural, a resenha tem caráter crítico, isto é, ela emite a opinião de seu autor.

E-mail – gênero novo, surgiu com o advento da internet. Substitui, em grande medida, a carta, por ser uma forma muito mais rápida e fácil de envio de mensagens para pessoas que estão longe.

Verbete de dicionário – texto que procura, da forma mais sintética e objetiva possível, definir uma palavra, dando conta de suas mais variadas acepções.

Manifesto – texto programático, no qual seu autor (ou autores) expressa seu posicionamento frente a um assunto polêmico. Manifestos geralmente têm a intenção de causar impacto e persuadir seus leitores. Exemplos: o Manifesto do Partido Comunista, de Marx e Engels, e o Manifesto Futurista, de Marinetti.

Bilhete – texto bastante útil no dia a dia. Ele não tem uma forma fixa e tende a ser breve. Seu objetivo é comunicar alguma coisa de forma rápida para outra pessoa. Por ser um texto pessoal, é assinado pelo seu autor.